Conceito ligados à Governança vieram para ficar

A atual era da conectividade, em que tudo evolui com maior rapidez, exigindo atenção, flexibilidade e adaptação, trouxe mudanças a alguns conceitos que num passado distante diziam respeito apenas aos seus atores principais, como a gestão de um negócio, ou mesmo da própria carreira.

Definitivamente precisamos entender que uma organização não pode mais ser gerida como nossos avós cuidavam de um sítio, por exemplo. Também na carreira, não há mais a estabilidade de ser exclusivamente empregado e imaginar uma blindagem à necessidade de gestão.

Na velocidade de um clique uma reputação pode se desfazer e, muito além da antiga relação entre proprietário e freguês (cliente), hoje precisamos transitar por emaranhados de conexões em cadeia que envolvem atores, sempre muito participativos, com os mais variados relacionamentos com um negócio, os chamados stakeholders.

Ainda, sob inédito nível de concorrência, nem mesmo o dono do capital goza da liberdade de fazer o que bem entende com seus negócios. Aliás, capital é artigo cada vez mais escasso para tantos desafios assumidos nas corporações, que até há os negócios específicos para investimentos em atividades promissoras pensadas por outros, desde que de alta reputação.

Para sobreviver (e bem) a tantas exigências e satisfações a gestão empresarial vem sofisticando seus controles ao longo das décadas através de conceitos hoje já sem mistérios, como Governança, Compliance, Gestão de Riscos e ESG.

No topo da gestão estratégica, a Governança pode ser entendida como o mais amplo desses conceitos, de atuação essencialmente macro porque rege a empresa. Ela precisa assegurar transparência às variadas demandas de stakeholders para gerar confiança, além de transmitir a fundamental responsabilidade corporativa.

Em complemento à governança, mas de atuação mais voltada ao cotidiano, segue o compliance, um instrumento que verifica quesitos capazes de garantir a continuidade da responsabilidade corporativa transmitida. É interessante entendê-lo como uma espécie de checklist de todos os itens necessários ao saudável funcionamento do negócio, seja pelo aspecto das exigências legais, sociais, ambientais, de posicionamento de mercado, entre outras.

Já a Gestão de Riscos avalia, de maneira permanente e sistematizada, todos os riscos que podem atingir o cumprimento das variadas exigências ao negócio, primando por deixar nítida uma relação entre impacto e probabilidade de ocorrência de cada um deles. Porém, como a simples identificação de riscos não pode ser considerada eficaz a uma gestão zelosa, ela precisa estar associada a planos de ação para mitiga-los, sempre com as devidas mensurações a avaliações periódicas.

E, finalmente, o tão divulgado padrão de ESG, que também se reporta a governança, mas com viés bem delimitado para corporativo, social e ambiental (da própria sigla em inglês), trouxe maior compromisso com tais práticas do que previa de forma mais genérica a antiga nomenclatura de Responsabilidade Social. É um padrão muito importante nas organizações, não apenas pelos impactos na reputação tão cuidada pela Governança Corporativa, mas porque há uma exigência direta da ponta final de clientes, cada vez mais apurada e esclarecida por novas gerações que chegam ao mercado.

Não é difícil, portanto, associar ESG a fator crítico de sucesso.

Por mais que pareçam atividades complexas, ou assunto exclusivo de gente grande, vale compreender que são recursos de gestão não apenas acessíveis, mas necessários a todos os negócios, já que as exigências serão sempre crescentes.

E, claro, na forma de um investimento valioso, vieram para ficar porque, no fim das contas, se relaciona com a perenidade de cada negócio.

Texto elaborado por Ricardo Buso, economista pós-graduado em Administração de Marketing pelo ISCA (Limeira / SP), com carreira desenvolvida no agronegócio com larga experiência na área Financeira e gestão de operações em Bolsas de Futuros, no Brasil e no exterior. Coordenador de Comitês Multidisciplinares direcionados para Gestão de Risco. Atualmente ocupa o cargo de Assessor Especial da Presidência da Câmara Municipal de Piracicaba.

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